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Profissão Atitude
DAR PALPITE
DAR PALPITE

Abraham Shapiro

Palpite é coisa que todo mundo sabe dar. É fácil. E sempre vem com uma desculpa até convincente: “Eu só quero ajudar!”

Pare um pouco e analise o que são palpites e o que eles fazem. Quase sempre só atrapalham. Por quê? Palpites são subjetivos, são opiniões ou pontos de vista pessoais e, por isso, inúteis a maior parte das vezes.

Normalmente as situações que exigem discussão carecem de objetividade, de palavras diretas que permitam ao responsável traduzi-las em prática e execução.

Vou dar um exemplo. Quando eu estudava música, certo dia tive de interpretar uma partitura a um grande professor cujo comentário foi: “Está faltando vida!”

Eu então lhe pedi que me dissesse exatamente qual era o problema. Ritmo? Afinação?  Eu carecia saber com clareza, pois, tão logo soubesse, poderia realizar um desempenho adicionando sua orientação.

Foi então que ele me pediu mais velocidade em determinado trecho, especificando os compassos aos quais se referia.

Eu entendi, pratiquei e insisti até chegar à sua instrução. Ao final até mereci um elogio.

É preciso entender vez por todas que uma opinião objetiva, bem refletida e fundamentada sobre um aspecto lógico pode ajudar. Mas só pessoas preparadas têm competência de fazê-lo. Se este não é o seu caso, por favor, cale-se e cuide de fazer bem o trabalho que lhe foi confiado em vez de complicar a vida dos outros.

Em tempo de carnaval, aproveito a oportunidade para homenagear o grande Noel Rosa, compositor brasileiro, por seu samba cuja letra comunica uma sabedoria indispensável sobre este tema: “Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!”