Fazer só a sua parte é 'trabalho'?
ABRAHAM SHAPIRO
Um homem caminhava por uma estrada rural quando avistou dois camponeses que davam duro debaixo de um sol escaldante de verão.
Ele se aproximou e viu que eles faziam uma esquisitice. O primeiro abria um buraco na terra e imediatamente o outro o tapava. Então, ambos davam juntos um passo calculado, e repetiam a operação.
Não entendendo qual seria o propósito daquele trabalho exaustivo, o homem perguntou aos dois trabalhadores no que consistia a tarefa que faziam. Então, o homem que segurava uma enxada respondeu:
- “Sabe o que é, sinhô? Eu sou o Jão e esse aqui é o Tonho. Nóis trabalhamo em trêis, todo dia. Mas hoje, o Zé ficou doente, e num veio. É ele que joga a semente em cada buraco que eu abro na terra. Como a gente não queria ficar parado, tamo fazendo a nossa parte”.
Como você se sentiria, caro leitor, frente a uma narrativa dessas?
Há um princípio lógico a ser aqui enunciado. Todo trabalho sem objetivo é vão.
Qualquer tarefa precisa ter uma finalidade. Se não houver, as pessoas não enxergarão propósito porque desempenhá-la.
É disso que depende a realização profissional.
Vou repetir. A realização profissional não depende da atividade em si, mas do objetivo e do esforço dedicado.
Certa vez, um empresário de grande e consistente sucesso, que empregava um número imenso de pessoas em suas empresas, disse-me:
- “Se eu tivesse de selecionar um indivíduo tomando por base uma característica pessoal, eu me orientaria pelo amor que tem pelo trabalho e pela disposição em aceitar tarefas além das que lhe foram determinadas. Depois, eu mediria sua disposição em persistir até a conclusão sem se importar com o tempo além das horas de sua jornada”.
Grave isto: o valor de um trabalho está em seu desempenho com objetivo. Status e posição hierárquica pouco ou nada têm de dignidade ou grandeza.