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O CÍRCULO DE COMPETÊNCIA E SEU SIGNIFICADO MAIS SIMPLES
O CÍRCULO DE COMPETÊNCIA E SEU SIGNIFICADO MAIS SIMPLES

ABRAHAM SHAPIRO - para o Blog Profissão Atitude

 

 

O que você responderia se lhe perguntassem: “Qual exatamente é o seu círculo de competência?”

Conhecer o círculo de competência pessoal é o fator determinante para o seu sucesso ou fracasso. Sem este autoconhecimento, você ou qualquer outro indivíduo acabará vagando por áreas que não são “suas praias” ou segmentos e setores em que não se sairá bem, ou seja, com dificuldade extrema para produzir resultados.

O QUE É O CÍRCULO DE COMPETÊNCIA?

Warren Buffet foi quem criou o conceito do Círculo de Competência. A pessoa que atua dentro deste círculo é profissional.  A pessoa que atua fora dele ou não é profissional ou o é parcialmente.

O lema de Buffet é: “Conheça o seu círculo de competência e permaneça dentro dele. O tamanho do seu círculo não é importante. Mas é vital saber onde precisamente está sua fronteira”.

O Círculo de Competência é um conceito simples: cada um de nós, através da experiência ou de estudos, construiu conhecimento útil em alguma área da vida. Algumas dessas áreas são comuns à maioria das pessoas. Já outras exigem maior nível de especialização tanto para avaliar quanto para atuar.

Por exemplo, qual é o nível de compreensão em negócios exigido para se ter um restaurante? Você aluga ou compra uma área física, investe em móveis e equipamentos e depois contrata funcionários para cozinhar, servir e limpar. E, talvez você seja o gerente.

Duas questões a serem respondida são “como gerar movimento suficiente”; e a outra: “quais os preços adequados para  ter lucro depois de todas as despesas operacionais pagas”?

Embora o cardápio, o ambiente e os preços variem muito de restaurante para restaurante, basicamente todos têm de  seguir a mesma fórmula para implantação e continuidade.

Este conhecimento somado a alguma compreensão de contabilidade, marketing e aspectos técnicos em gastronomia que ajudem no cálculo dos custos, permitiriam a você avaliar e investir em negócios de restaurantes e até mesmo em fazer o negócio evoluir ao nível de uma cadeia de filiais. Não é tão complicado, ainda que exija muita dedicação.

No entanto, muitas pessoas terão dificuldades de entender o funcionamento de uma empresa de microchips ou de biotecnologia. Isto solicita conhecimento especializado e competências muito diferentes das de um restaurante.

Portanto,  o círculo de competências requerido por um profissional que gerencia uma empresa de tecnologia deve ser  bem maior do que o de um restaurante.

No livro A Arte da Guerra, lê-se: “Se você conhece o seu inimigo e conhece a si mesmo, você não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você conhece a si mesmo, mas não conhece o inimigo, para cada vitória você também sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem você e nem o seu inimigo, você irá sucumbir em todas as batalhas.”

Você deseja melhorar as suas chances de sucesso na vida e negócios? Defina com verdade e sem nenhuma presunção a fronteira do seu círculo de competência e opere estritamente dentro dele. Com o tempo, você deve trabalhar para expandi-lo. Porém jamais se engane ou se iluda sobre onde se situa suas fronteiras hoje. E nunca tenha medo de dizer “Eu não sei”.

ELEMENTOS REGULADORES

Muitos de nós fazemos as coisas não para ter sucesso, mas para não errar e evitar falhas. Estudiosos chamam a isso “Síndrome dos Elementos Reguladores”. Eles afirmam que, por causa da crítica destrutiva na primeira infância e dos erros que as pessoas cometem na juventude e fase adulta, o medo de errar leva as pessoas à paralisia e à estagnação. Isso compromete frontalmente sua capacidade de assumir riscos, seu arrojo e seu desenvolvimento humano e intelectual, mesmo quando existem excelentes oportunidades.

O medo do fracasso cria na mente todo tipo de motivos para não agir: falta de tempo, visão insuficiente de recursos que seriam bastantes para investir, preguiça, falsa humildade e muito mais. Assim, as pessoas acometidas por este mal se privam de adquirir conhecimentos e habilidades necessárias para seu bom desempenho.

Caçadores profissionais lançam um facho de luz contra os olhos das feras do campo porque  elas “se congelam” pelo efeito da luminosidade intensa durante a noite. Com as pessoas,  o temor do fracasso faz o mesmo e elas não tomam atitudes.

Todavia, a maioria das fortunas nos Estados Unidos, por exemplo,  iniciou pela venda de serviços pessoais. Aqueles homens e mulheres ousados não tinham dinheiro, mas consciência de sua capacidade de trabalhar duro, disposição para adquirir novas habilidades a fim de se tornarem cada vez mais valiosos. Como produto disso, mais e mais oportunidades se abriam para eles. Por quê? Pela ampliação das fronteiras de seu Círculo de Competências. Eles se fizeram crescentemente capazes, independentemente do quão inteligentes ou vocacionados eram. Tinham bravura e coragem para superar seus temores e assumir riscos. E assim agiram.

O medo da crítica e da desaprovação converte-se automaticamente em busca por aprovação. Quem busca aprovação e aceitação dos demais tem maior probabilidade de pensar de modo convencional e, por isso, não obtém resultados acima da média. A razão disso é que não suportam ser diferentes e, por consequência, criam dificuldades próprias para aprender e se desenvolver acima de seus limites.

Thomas Edison era considerado imbecil por seus professores porque era pêgo constantemente distraído. Isso, porém,  não o impediu de ser um dos inventores que mais contribuíram para o progresso da humanidade.

"Eu vou estudar e me preparar. Um dia a minha chance virá”, disse  Abraham Lincoln.

COMO MUDAR?

A regra prática de ouro é: "Para conseguir algo que você nunca conseguiu antes, você deve aprender e praticar algo que você nunca fez antes."

Alguém perguntou a Charlie Munger, o sócio de Warren Buffet: “Como devemos dedicar o nosso limitado tempo de vida a ter o maior sucesso possível?”

E a resposta de Munger: “Você tem que descobrir quais são os seus talentos. Quando você joga um jogo em que os adversários têm as aptidões necessárias e você não, a sua derrota é certa.  Este resultado, aliás, é perfeitamente previsível. Tudo mais na vida também é assim. Você tem que descobrir em que área possui vantagem competitiva e jogar dentro dela. Nós chamamos a isto Círculo de Competência. Se quiser se tornar um astro do tênis mundial, você pode começar experimentando.  Tão logo descubra que não leva jeito, saberá que ninguém vai prestar atenção em você. Entretanto, se quiser ser o melhor encanador da cidade, isto já é atingível por provavelmente dois terços de você: a sua vontade e a sua inteligência. Nesse momento, estará faltando a habilidade - que você ainda não tem. Após um tempo de estudo e dedicação prática à técnica, você irá conhecer gradualmente tudo sobre este ramo de negócios e irá dominá-lo. É lógico que vai requerer disciplina e dedicação. Assim, você e todas as outras pessoas que jamais ganhariam um torneio de xadrez ou de tênis podem subir muito na vida quando desenvolverem, aos poucos, seu círculo de competência em alguma área. Comece com as qualidades que nasceram com você e prossiga com o desenvolvimento de todos os pontos você ainda não sabe, mas pode aprender com boa dedicação e foco.”

O resumo da resposta de Munger, em duas palavras, é: aprender e praticar. E eu acrescento: aprender e praticar muitas vezes e sistematicamente, isto é, segundo um método, de modo organizado e progressivo.

Acontece que muita gente não está disposta a se sacrificar para ter sucesso. Quer encontrar o bolo pronto e comê-lo sozinho. E acha que merece - ainda que nunca tenha parado para uma autocrítica ou autoavaliação. 

Todas as pessoas bem sucedidas que eu conheço sofreram algum revés que tiveram de superar com autoconfiança e  esforço - muitas vezes sem recursos financeiros, sem ajuda ou empurrão. Outras em seu lugar teriam desistido para sempre. Mas não aquelas. Ao contrário. Elas persistiram apesar do desgaste, do cansaço e de não verem a luz no fim do túnel na maior parte de seu percurso. Venceram o medo e a busca da aprovação dos demais.Também há indivíduos que lutaram e não conseguiram sucesso. Porém, estes conquistaram a dignidade da autovalorização e legaram exemplo importante de vida a muitos.  No entanto, é perfeitamente possível afirmar que todo o que procura a saída mais fácil quando desafiado, não alcança resultados elevados e nem plausíveis. Serão, no máximo, medíocres.

J.K. Rowling disse de si mesma que se sentia o maior fracasso que jamais existiu. Ela atribui grande parte de seu sucesso a ter sentido este fracasso. Estava sem dinheiro, não se saía bem em emprego algum e acabou decidindo fazer a única coisa que amava: escrever uma história que tinha em mente –  Harry Potter. Em seu discurso, na Universidade Harvard, ela declarou: “As nossas falhas existem para arrancar fora de nós tudo o que é dispensável, mas não temos coragem de fazê-lo até vivermos uma crise. Eu parei de fingir que era mais do que eu realmente era. Comecei a concentrar toda a minha energia ao único trabalho que importava para mim. Se eu tivesse tido sucesso em alguma outra coisa, provavelmente nunca teria encontrado determinação para ser bem sucedida na área à qual eu realmente pertencia. Eu me tornei livre desde que me defrontei com o meu maior medo. Foi quando vi que eu ainda estava viva, que tinha uma filha a quem adorava, uma velha máquina de escrever e uma ideia que me atraía. Foi quando o fundo do poço se tornou um piso sólido desde onde eu reconstruí a minha vida”.

COMO MUDAR O SEU MODELO MENTAL

O primeiro passo para mudar um modelo mental derrotista ou amarrado ao medo é adquirir a seguinte consciência: “Você não sabe absolutamente nada se os seus conhecimentos são isolados ou esparsos”. Enquanto você não for capaz de juntar os conhecimentos já adquiridos e formar uma estrutura sistemática e organizada de “causa e efeito” e de “correlação”, tudo o que eventualmente você aprendeu não se encontra no modo “utilizável”. Isso explica as pessoas que sabem muito, mas não conseguem  pôr em prática o que sabem. É semelhante a ter ótimos e deliciosos ingredientes de alta qualidade, mas não ter a habilidade de combiná-los para fazer uma torta.

Todos nós precisamos de modelos mentais e, de um jeito ou de outro, nós os temos. Eles se formaram como consequência do processo cognitivo ao longo do nosso desenvolvimento físico e mental. Cognição é a soma de tudo o que aprendemos e vivemos desde a infância  através dos nossos pais, com as outras pessoas, experimentando o resultado de cada ação do dia a dia, depois na escola, com os livros, revistas, rádio, tevê e todas as demais fontes a que fomos expostos nos ambientes que frequentamos.

Mas para ter utilidade, os conhecimentos e as experiências que você e eu adquirimos precisam ser combinados como os fios de uma trama de tecido para que sejam úteis. O saber exclusivamente teórico quase nunca gera prática. É por isso que grande parte do que aprendemos na escola caiu no esquecimento. 

A aprendizagem genuína envolve teoria e prática. E depois aprofundamento e especialização para que se diferencie, se eleve e se transforme numa habilidade. É o que fazem os instrumentistas, artistas, artesãos, atletas, cirurgiões etc.

É assim que os modelos mentais de sucesso se formam. As pessoas que assim se dedicam a fazer superam a natureza da psicologia humana dos modelos mentais desconectados. À medida que encaixam seus conhecimentos num sistema organizada de “causa e efeito” e de “correlação”, o resultado é a conversão de seu esforço em capacidade, aptidão e habilidade.

O segredo, portanto, é não fazer da aprendizagem algo como uma loja de departamentos, com áreas separadas,  mas um “oceano de conhecimentos conjugados e interligados” que atue em função de cada necessidade e demanda.

É isso o que explica o fato de um bom engenheiro tornar-se conselheiro comportamental, um médico, excelente administrador, e um indivíduo sem qualquer formação universitária gerir uma fazenda agropecuária, uma indústria e outros negócios com excelência. Eles uniram seus conhecimentos específicos e pontuais  de maneira organizada, e hoje conseguem desempenhar suas atividades empregando-os simultaneamente. E se você for observá-los de perto, verá que eles questionam, pesquisam, param para pensar, não respondem subitamente e, por isso,desenvolvem novos conhecimentos úteis num mecanismo de moto-perpétuo.

ABAIXO O CONHECIMENTO VAGO

Há um ditado que diz: “Para o homem que só tem  um martelo, todo problema é um prego.” Uma história ilustra bem o sentido desta frase.

Depois de receber o Prêmio Nobel de Física, em 1918, Max Planck viajou por toda a Alemanha. Sempre que era convidado para dar uma palestra, apresentava o mesmo texto sobre a Mecânica Quântica, recém-descoberta. Com o tempo, seu motorista já sabia a palestra de cor.

- “Deve ser monótono, professor Planck, proferir sempre o mesmo discurso” – disse-lhe o motorista, certo dia. “Que tal se eu o substituir na próxima palestra e o senhor ficar sentado na primeira fila com meu quepe de motorista? Assim, nos revezamos um pouco.”

Planck achou a proposta divertida e concordou. E o motorista deu a longa palestra sobre Mecânica Quântica para um público de bom nível. Após alguns minutos da preleção, um professor de Física levanta a mão e faz uma pergunta. O motorista, sem pestanejar, respondeu:

- “Nunca poderia imaginar que numa cidade tão importante como esta alguém fizesse uma pergunta tão simples. Vou pedir ao meu motorista que a responda.”

Lenda ou não, é assim que um motorista se imagina capaz de dar uma palestra de Física. Ele conhece o script básico e o declama - como um papagaio. Este é um modo desgraçado de operar neste mundo. E o pior é que hoje em dia muitas pessoas estão fazendo o mesmo que aquele motorista e convencendo-se de que são grandes palestrantes de Física.

Elas são superficiais e detêm minguado conhecimento e prática em determinado campo. Mas são ousadas o suficiente para se candidatarem a vagas de profissionais plenos em empresas, cargos públicos e outras instituições. O resultado é desastroso, pois confiam a elas atividades e responsabilidades desde a fé de que elas terão o desempenho que se espera. Mas não. Estes pseudo-profissionais trabalharão por tentativa e erro. Se acertarem, trarão para si os méritos. E quando errarem, saberão transferir a culpa para o ombro de outros.

Isto nos coloca frente a uma verdade incontestável. Há dois tipos de conhecimento. Um é o autêntico – provém de pessoas que investiram muito tempo, energia, trabalho mental e prática para obtê-lo. O outro é o vago – conhecimento de pessoas que agem como se o tivessem. Elas aprenderam a se apresentar bem, têm discurso convincente e bela aparência, mas seu conhecimento é oco. São eloquentes e desperdiçam palavras vazias causando impacto impressionante.

Infelizmente está cada vez mais difícil separar o conhecimento autêntico do conhecimento vago no mundo.

Por outro lado, o ingresso ao sucesso é simples, mas não é fácil. Pesquisadores dizem que cerca de 80 modelos mentais importantes construirão 90% de tudo o que um indivíduo precisa para sair-se bem no mundo profissional e na vida.

Portanto, finalizemos esta reflexão com um resumo das principais ações.

Dedique-se a algo que você goste de fato ou que seja a sua necessidade. Esforce-se: pesquise a respeito, aprenda, desenvolva a habilidade e o conhecimento de maneira sistematizada, com sequência e frequência e persista com base na sabedoria de que “a prática faz a perfeição”. Faça perguntas: “Por quê?”, “Como?”, “O que se deve fazer nesse caso?” etc.

Progrida até tornar-se uma referência,  sem preconceitos ou pressuposições não provadas.

Escolha as áreas  de que você mais necessita para dedicar-se a elas e busque interligá-las, sempre.

Não queira ser bom em tudo. Foco e dedicação devem ser as suas palavras de ordem.

Acorde cedo, invista energia no que fará você competente. Deteste ser medíocre. Apague da mente todos aqueles a quem você se preocupa em agradar ou obter aprovação. E uma última dica: delegue o máximo daquilo que você não domina a alguém que o faça melhor do que você.