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O efeito da escassez
O efeito da escassez
ABRAHAM SHAPIRO

Rara sunt cara, diziam os romanos. As raridades são valiosas.

Se você ainda não observou, escassez é o que cria o valor. Isso explica o alto preço das  gemas e metais preciosos.

Mesmo sendo verdade e todos sabendo, eu não vejo as empresas atuarem movidas por esta sabedoria. Ao contrário. Elas oferecem tantos atributos e vantagens, que se torna difícil aos consumidores enxergarem benefícios e optar por elas.

Em agosto de 2005, quando fiquei sabendo que o Google iria lançar um serviço próprio de e-mail, que seria ‘muito seletivo’ e concedido apenas ‘por convite’, eu fiquei obcecado ou talvez alucinado para receber um. Por fim, acabei conseguindo. Mas qual era o motivo da minha doideira? Eu não precisava de outra conta de e-mail. Na época, eu já tinha quatro.  Tampouco porque o Gmail era melhor do que os produtos concorrentes. Mas simplesmente porque nem todos tinham acesso a ele.

Para avaliar a qualidade de um certo biscoito, um pesquisador de mercado dividiu alguns consumidores experimentais em dois grupos. O primeiro grupo recebeu uma caixa inteira do biscoito. O segundo, apenas dois. Os consumidores com apenas dois biscoitos lhes atribuíram uma qualidade consideravelmente superior do que o primeiro grupo.

Esta experiência foi repetida várias vezes e o resultado foi sempre o mesmo.

A nossa reação típica à escassez é a perda da clareza de pensamento. Por isso, não seja vítima desse golpe como eu fui do Google em 2005.

Só julgue um produto ou serviço com base no preço e no real benefício que ele, de fato, trouxer. Se um bem for escasso ou não, se o estoque estiver no fim ou se a venda acontecer só hoje, não deixe que isto seja o bastante para influenciar a sua decisão.