Para quem é a propaganda?
Abraham Shapiro
Tenho o hábito de ouvir rádio pela Internet. Eu me divirto com o fato de todas as previsões de que as rádios acabariam, deram 1000% errado. Ao contrário. O rádio só se fortaleceu com a tecnologia online.
Eventualmente, ouço rádios norte-americanas de música, à noite.
Dia desses, ouvi um anúncio comercial que dizia:
“Fancy é a comida para o seu gato. Suave e pastosa, tem a aparência de um patê. Nos sabores Peru, Frango e Peixe, sua textura vai agradar o paladar dos gatos mais exigentes”.
Enquanto eu ouvia a propaganda muito bem produzido, várias questões me ocorreram.
- Gatos têm paladar exigente?
- Já viu algum gato doméstico que tenha morrido de fome? (Eles andam por aí, caçam, capturam, torturam e comem ratos e aves.)
- Gatos se importam com a textura pastosa de patês?
Na verdade, este comercial me fez relembrar lições básicas de Marketing – comumente esquecidas, até, por empresas que investem milhões em emissoras de rádio, tevês e Internet. Se comida para gatos fosse realmente produzida para gatos, viria com sabor e cheiro de camundongo ou peixe.
A mais básica destas lições é: “Propagandas de comida para gatos não são feitas para gatos.” Assim também as de papinhas para bebês.
Veja daí a importância de se ter clareza sobre quem deverá ser atingido pela comunicação do seu produto/serviço.
Muitas propagandas são criadas sem se pensar nisto. Quando o resultado não chega ao esperado, a verdadeira razão do fracasso nunca é vista, apesar de óbvia: dinheiro no lixo por pura falta de análise.