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VOCÊ  ACHA QUE TERÁ UM ANO NOVO FELIZ?
VOCÊ ACHA QUE TERÁ UM ANO NOVO FELIZ?

Abraham Shapiro

Como é fácil falar coisas sem pensar. Um exemplo? Todos nós desejamos a felicidade. Mas quase ninguém sabe defini-la.  Veja o que acontece na virada de cada ano. Um diz ao outro:  "Feliz Ano Novo" sem que mal saibamos o que é felicidade.

Felicidade não é ter coisas. Nossa sociedade ensina que quanto mais se tem, e quanto mais caro é o que se tem, melhor. Mas a felicidade não acontece por se viver numa mansão de luxo, ter os melhores carros, jóias e roupas finas. Quem aumenta suas posses, multiplica suas preocupações.

Felicidade não é diversão. Quem está infeliz e vai viajar a fim de “se resolver” irá se decepcionar. Ao chegar lá, encontrará na bagagem tudo o que o fazia infeliz. E na volta? Os mesmos motivos estarão entre os souvenirs, compras e contas a pagar.

Felicidade não é produto do prestígio, do sucesso ou da fama. Quantos milionários ou famosos disputados por paparazzis foram infelizes a ponto de se entregar aos vícios e levar vida abjeta? Muitos se suicidaram.

Será a felicidade ausência de sofrimento e de problemas?

Ao que me consta só os mortos não têm problemas.

Viver machuca de algum modo – perdas, mágoas, fracassos etc. Ausência de dor não é felicidade. Feliz não é quem nunca levou um tombo, mas aquele que consegue levantar-se e prosseguir depois da queda. Este, aliás, tem de si uma boa imagem e curiosamente sente-se feliz por tê-lo conseguido.

Bem, já sabemos o que a felicidade não é. Mas haverá algo que possamos fazer a fim de que 2017 seja feliz? Eu penso que sim.

A minha primeira sugestão é parar de correr atrás da felicidade. Ela é estranha. Quanto mais a buscamos, mais ela foge. Buscá-la, portanto, parece inútil.

Não há nada errado em querer ser feliz. O problema começa na idéia fixa de que temos de ser felizes a qualquer custo. Temos, sim, o direito à felicidade. Mas creio que o nosso modelo de vida nos empurra a criar um desenho para descrevê-la que não passa de um sonho mirabolante e surreal.

Outra sugestão para um ano novo feliz é parar de se perguntar: "será que eu sou feliz?".  Em vez disso, é melhor ter uma ocupação – na loja,  no escritório, na cozinha, na comunidade –  e ver-se fazendo algo útil. Sabe-se que o sentimento de realização traz felicidade. Quando você se esforça por uma causa significativa, a sensação decorrente é a autorrealização, independente do resultado. Só o esforço investido já faz muito.

Certa vez, um jornal de Londres ofereceu um prêmio às três pessoas mais felizes da cidade. Os vencedores foram: um artesão que trabalhava assobiando, uma jovem mãe que cantarolava à noite, depois de dar banho em seu bebê, e um cirurgião que ria enquanto relaxava após uma operação bem-sucedida. Curiosamente, os três não tinham preocupação em ser feliz. Eles estavam absortos em suas tarefas e as fazia com amor. Talvez isso é o que abre uma fresta na porta para a felicidade entrar de mansinho. Ela gosta de  se mover sem ser notada, sem alarde.

Por que não tornar a vida útil para as outras pessoas em vez de buscar  obsessivamente a felicidade para si próprio?  Este seria o mais benéfico e efetivo meio de começar um ano que vale a pena. E ao atingirmos esta meta a cada dia, faríamos de cada dia um item de riqueza real.

Eu não vejo coerência em desejar  “Feliz Ano Novo”!  Ainda prefiro “Um Ano Bom e Doce”. A felicidade é uma construção de “tijolo por tijolo”, de pedra sobre pedra. Ela provém do esforço em ter uma vida valorosa e de doação pessoal ao que supera as nossas necessidades particulares. E prêmio é a contaminação dos indivíduos à nossa volta com este ideal.

Então deixo aqui os meus votos mais sinceros: “Que 2017 seja um ano bom e doce para você e todos os seus!”