Racionalização
Abraham Shapiro
A funcionária vai pedir aumento de salário ao chefe. Após dar motivos claros, o chefe lhe nega. Ela sai aborrecida da sala, julgando o chefe como malvado. Outra possibilidade é ela pensar:
- “Sem problema. Eu não estava precisando desse aumento mesmo! ”
Estes são dois simples exemplos de como as pessoas racionalizam situações do dia a dia.
Todos nós lutamos interiormente, o tempo todo, para dar sentido a cada experiência pessoal, a cada comportamento e sentimento. O objetivo é ficarmos livres da angústia e manter o auto respeito. Para isso, faremos todo o possível para proporcionar conforto ao nosso ego e reduzir a dor da frustração. Um dos meios consiste em criar explicações que pareçam racionais aos nossos próprios olhos. Acontece que estas explicações – por melhores que sejam – não deixam de ser, na maioria das vezes, ‘desculpinhas’ fracas.
O rapaz que foi pego roubando um chocolate num supermercado disse aos seguranças:
- “Chocolate é caro, e esta rede é rica”.
Ele racionalizou.
Esta prática acaba se tornando um vício. Começa na infância, repete-se a cada dia e se estende até que verdade, mentira, ilusão e realidade se confundam. A coisa chega a ponto do indivíduo perder a consciência das deformações que ele produz em seus pensamentos.
O sujeito que se habituou à racionalização irá revoltar-se facilmente contra qualquer indivíduo que se opuser à sua criatividade. Fácil de entender, uma vez que ele está apenas - e acima de tudo - defendendo seu mais importante patrimônio: o ego.